Yakovlev completa primeiro voo com o jato regional SJ-100 “russificado”

Era Sukhoi, foi para as mãos da Irkut e agora pertence à Yakovlev: nova variante do jato russo Superjet com maior quantidade de itens nacionais voou pela primeira vez
Versão "russificada" do SuperJet
Primeiro voo do SJ-100: nova variante do Superjet tem mais componentes fabricados na Rússia (Rostev)

Antes conhecido como SSJ-New da Irkut, o agora renomeado SJ-100 sob o comando da Yakovlev completou hoje (29) seu primeiro voo. A aeronave decolou do aeroporto de Komsomolsk-on-Amur, no extremo leste da Rússia, e confirmou o funcionamento dos novos sistemas domésticos incorporados ao jato comercial que foi projetado originalmente pela Sukhoi, informou o grupo russo United Aircraft Corporation (UAC) – conglomerado estatal controlado pela Rostec.

De acordo com o grupo UAC, o protótipo do SJ-100 realizou um voo de 54 minutos e atingiu 3.000 metros de altitude e velocidade de 343 km/h. A empresa diz que o voo serviu para verificar a estabilidade e controle do avião no ar, o sistema automático de pressurização da cabine e os procedimentos de aproximação do aeródromo e pouso.

O SJ-100 é uma tentativa da Rússia em criar um novo jato de passageiros com maior conteúdo nacional, ao contrário da primeira versão da aeronave que dependia de itens importados. A UAC diz que cerca de 40 sistemas foram substituídos no avião por equivalentes produzidos localmente.

Desde o início da guerra da Ucrânia, Moscou foi submetida a uma série de sanções impostas por nações do Ocidente que afetaram diretamente a indústria aeronáutica do país. Para avançar nesse setor, a Rússia optou por nacionalizar uma série de sistemas para continuar com os projetos de aviões comerciais da UAC, incluindo o MC-21 e o SJ-100.

Primeiro protótipo do SJ-100 ainda usa motores franceses (Rostec)

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“O primeiro voo do Superjet, criado no âmbito do programa de substituição de importações de sistemas e componentes, é o sucesso de muitas milhares de equipes de empresas das indústrias aeronáutica e radioeletrônica que fazem parte do circuito de controle da Corporação Estadual Rostec. Os desenvolvedores e fabricantes russos conseguiram implementar e colocar nas aeronaves suas próprias soluções e tecnologias de design, incluindo aviônicos, chassis, unidade de energia auxiliar, sistema de controle integrado, bem como sistemas de fornecimento de energia, ar condicionado, proteção contra incêndio e muitos outros”, disse Vice-Primeiro Ministro da Federação Russa e Ministro da Indústria e Comércio russo, Denis Manturov.

A despeito do avanço no voo inaugural do SJ-100, o avião ainda não está totalmente “russificado”. Para acelerar o desenvolvimento do projeto, o programa de testes foi iniciado com uma aeronave equipada com motores SaM146 franco-russos, usados na primeira versão do Superjet. A versão definitiva da aeronave será equipada com os turbofans russos PD-8, que atualmente passa por avaliações no laboratório aéreo montado na plataforma de um cargueiro Il-76. A UAC diz que os propulsores fabricados no país serão instalados no segundo protótipo do jato e que ele voará “em breve”.

“Esta é a melhor demonstração da independência tecnológica do nosso país. Provamos, antes de mais nada, para nós mesmos, que podemos desenvolver e produzir aeronaves civis modernas por conta própria, sem usar tecnologias importadas. A próxima tarefa ambiciosa é certificar a aeronave com um visual totalmente russo e iniciar entregas em série para as companhias aéreas”, disse Yury Slyusar, Diretor Geral da UAC.

Cada modelo Sukhoi Superjet 100 custa cerca de US$ 35 milhões (Sukhoi)
SSJ-100: primeira versão da aeronave somou cerca de 200 entregas (Sukhoi)

O programa de substituição de componentes importados no Superjet foi iniciado em 2019. Diante das sanções impostas a Rússia desde o ano o passado, o diretor adjunto da UAC e diretor geral da Yakovlev, Andrey Boginsky, considerou a decisão da nova versão do Superjet “acertada e clarividente”.

“Esta aeronave tornou-se a personificação dos desenvolvimentos avançados da indústria aeronáutica nacional, tendo em conta a experiência no desenvolvimento, certificação e operação de mais de 200 aeronaves Superjet nos últimos anos. Desde o início do projeto preliminar até o primeiro voo, passaram-se 4 anos. A mesma quantidade de tempo, por exemplo, foi gasta na criação do A320neo, e ainda mais no Boeing 737 Max”, acrescentou Boginsky.

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