Rivais duríssimos dos ERJ e E-Jets da Embraer, os jatos CRJ fabricados originalmente pela Bombardier deixaram de ser produzidos tempos atrás. Com mais de 1.400 aeronaves em serviço, a família atraiu o interesse da Mitsubishi, que comprou seus direitos da empresa canadense em 2019.
Foi então criada a MHIRJ, empresa responsável por dar o suporte aos clientes e também oferecer melhorias e outros serviços. E um deles pode ser surpreendente, a conversão dos jatos para voar com hidrogênio.
A ZeroAvia, uma das companhias que lidera as pesquisas com uso de motores movidos a hidrogênio, anunciou nesta semana no Paris Air Show que os estudos iniciais para converter o CRJ 700 se mostraram satisfatórios.
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A versão intermediária da família, que pode transportar até 78 passageiros, receberia dois motores ZA 2000RJ, que usam hidrogênio para gerar eletricidade. Ele é um concorrente direto do Embraer E175, modelo mais vendido da empresa.
Com eles, a aeronave seria capaz de transportar 60 passageiros em distâncias de até 560 milhas náuticas (cerca de 1.037 km). Segundo a ZeroAvia, é uma autonomia que cobre 80% dos voos regionais atuais.
“Neste estágio inicial de nosso trabalho conjunto, ver um caminho viável para a propulsão limpa com aeronaves CRJ deve ser absolutamente emocionante para todos que desejam que continuemos voando. Há algum compromisso de carga útil e alcance, mas este estudo técnico confirma uma arquitetura de propulsão viável e integração que pode ser totalmente transformadora. Antes do final da década, as companhias aéreas poderiam estar voando jatos de emissão zero”, disse o CEO da empresa, Val Miftakhov.
O estudo também identificou que a perda de empuxo no núcleo do turbofan poderá ser compensanso com aumento do diâmetro do fan, enquanto outros ganhos de eficiência podem vir de fans elétricos com dutos ou projetos de rotor aberto.
A Zerovia disse ainda que o sistema de células de combustível deve atingir um nível de capacidade para atender o CRJ a hidrogênio dentro de dois anos.
A empresa também incluiu as versões CRJ 550 e CRJ 900 nos estudos, que se enquadrariam na conversão. A United Airlines é uma das interessadas no projeto desde dezembro de 2021.
Embraer investe em nova família
Enquanto a Mitsubishi e a ZeroAvia planejam um possível programa de conversão dos atuais CRJ, a Embraer tem seguido um caminho diferente. A empresa brasileira preferiu lançar uma nova família de aeronaves, a Energia, para estudar configurações com baixa emissão de carbono, inicialmente com propulsão híbrida-elétrica e no futuro a hidrogênio.
O maior dos aviões terá capacidade para 50 passageiros e deve chegar ao mercado em 2035 com propulsores a hidrogênio.