No dia 5 de setembro deste ano um Boeing 787-8 da Air India que havia decolado de Nova Delhi com destino a Birmingham, na Inglaterra, foi obrigado a pousar para Moscou após um problema no porão de carga.
Embora a Índia mantenha relações abertas com a Rússia, uma aeronave que iria para o Reino Unido não deveria sair do país, que é alvo de sanções após a invasão militar à Ucrânia.
A situação é um exemplo das restrições que as viagens aéreas têm sofrido com grande frequência nos últimos anos em virtude do aumento da tensão entre vários países, guerras civis e terrorismo.
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Para evitar regiões de risco, as autoridades de aviação civil no mundo emitem recomendações, alertas e mesmo proibições, temendo possíveis atentados, sequestros ou disparos de armamentos por engano. São as chamadas ‘no-fly zones’ (zonas de proibição de voo).
Não é uma preocupação sem razão. Em julho de 2014, um Boeing 777-200ER da Malaysia Airlines foi derrubado por um míssil sobre a Ucrânia, vitimando todos os ocupantes, em meio a conflitos com separatistas na região do Donbas.
Em janeiro de 2020, um Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines que decolava de Teerã, no Irã, com destino a Kiev, foi atingido logo após a decolagem por dois mísseis terra-ar.
O governo iraniano admitiu que as forças de defesa do país haviam confundido a aeronave com um míssil de cruzeiro dos Estados Unidos.
Mas onde é perigoso voar hoje em dia?
O site Safe Airspace traz uma visão global das regiões onde há conflitos e riscos em um mapa atualizado com frequência. Nele as zonas de risco são marcadas em três cores, vermelho (nível 1, o mais perigoso), laranja (nível 2) e amarelo (nível 3).
Em setembro de 2024, o mapa considerava oito países em que é extremamente arriscado voar. Todos eles estão em um raio de até 3.500 km e localizados no Oriente Médio, norte da África e no leste europeu.
A nação com mais restrições, como esperado, é a Ucrânia, que tenta expulsar as forças armadas russas que invadiram o leste do país em fevereiro de 2022.
Uma observação no tráfego aéreo mostrado pelo FlightRadar24 delimita claramente a ausência de aviões no entorno do país, um fenômeno semelhante ao visto na região onde estão a Síria, o Líbano e Israel.
Embora os aeroportos estejam abertos parcialmente, muitos voos têm sido cancelados em meio ao conflito das forças militares israelenses com o Hamas e o Hezbollah, além de outras ações na Síria e possíveis ataques a Israel pelo Irã.
Um desdobramento da crise envolve o Iêmen, país no sul península da Árabia onde estão o Houthis, uma organização islamista que tem atacado embarcações no Mar Vermelho e Golfo de Aden.
Voos mais longos
Desde que os Estados Unidos deixaram o Afeganistão em agosto de 2021, o país é controlado pelos Talibãs e considerado uma área de risco para a aviação civil. São permitidos sobrevoos apenas numa região na borda leste, mas em níveis de voo acima de FL320 (32.000 pés).
Na África, dois países estão na lista, a Líbia e o Sudão. O primeiro está em guerra civil desde 2014 e, apesar de alguma evolução interna em 2020, segue uma região de alto risco para aeronaves. O Sudão está com o espaço aéreo fechado desde abril de 2023, quando ocorreu um golpe militar.
Não tão restritos, os países com risco de nível 2 também provocam problemas para as viagens aéreas.
A Rússia é talvez o país com mais reflexos nos voos de longa distância já que muitas companhias aéreas ocidentais e do Pacífico estão proibidas de sobrevoá-lo.
Como é o maior país em extensão territorial no mundo, evitar o espaço aéreo russo exige rotas mais longas ou contornos que tornam os voos mais demorados e caros.
O nível 3 (amarelo) provoca problemas menores, muitas vezes causadas pelo fato dessas nações serem vizinhas de regiões em conflito como a Turquia e o Egito, não impedindo de fato as viagens aéreas, mas exigindo cuidados extras.